terça-feira, 31 de agosto de 2010

O Brinquedo e a Criança

     A criança aprende muitas coisas durante a brincadeira. Elas passam uma grande parte de seu tempo brincando, em muitos momentos, até mesmo em sala de aula, podemos observá-las muitas vezes em meio às brincadeiras e isso é extremamente prazeroso e significativo para elas. O ato de brincar é realizado de forma espontânea, “a criança sempre brincou. Independentemente de época ou de estruturas de civilização, é uma característica universal” (Lopes, 1999, p. 35).
     A criança desenvolve uma relação intima com o brinquedo, por isso não é preciso que ninguém a ensine a brincar com a boneca ou o carrinho, pois ela possui autonomia no brincar. Elas deixam-se envolver por um mundo mágico, “transportam (seus objetos) ao vasto mundo das idéias” (Dewey, 1953, p.173), desta forma, o lúdico torna-se uma atitude de liberdade, a crianças inventa histórias e situações, cria um mundo particular, mas que, ao mesmo tempo, pode ser compartilhado com os amigos, com os companheiros de brincadeira,
[...]a brincadeira pode ser um espaço bem original, onde o comportamento encontra dissociado e protegido de censuras correntemente encontradas na sociedade. (...) Nesse universo, a criança pode, sem riscos, inventar, criar, tentar” (Porto, 1998,p.182).
     Os momentos lúdicos proporcionam uma maior interação entre crianças de diferentes idades, classes sociais, culturas, enfim, as crianças estão interagindo por um motivo em comum, com um mesmo objetivo que é participar dos jogos e brincadeiras. São nesses momentos que a criança “afirma sua independência e seus primeiros contatos sociais, sendo fundamental ao seu desenvolvimento psicofísico de forma geral” (Natti, 1995, p.9). Sendo assim, o lúdico fornece uma “organização para o início das relações emocionais e ainda propicia o descobrimento dos contatos sociais” (Fortuna, 1994, p.6).
     O jogo, o brinquedo e a brincadeira, enfim, o lúdico, é um método que além de atrair a criança irá desenvolvê-la em vários aspectos, como por exemplo: a colaboração, trabalho em grupo, paciência, raciocínio, concentração, aumento da atenção, autonomia, coordenação motora, organização espacial, criatividade, “no jogo a criança toma iniciativa, planeja, executa, avalia, enfim, ela aprende a tomar decisões, a introduzir seu contexto social na temática do faz de conta. Ela aprende e se desenvolve” (Kishimoto, 1993, p.50). Logo, é fácil perceber que o lúdico traz diversos benefícios, pois não será apenas o seu intelecto que estará sendo trabalhado, mas todo o conjunto de necessidades infantis.
     Conforme Dewey (1953), o brinquedo também é uma forma de desenvolvimento do pensamento, pois durante a brincadeira existe
[...] a organização das idéias subentendidas pelo brinquedo. Invisivelmente confundem-se um brinquedo e uma história; mesmo os brinquedos mais fantasistas das crianças revelam quase sempre uma certa conveniência recíproca, uma coerência das idéias entre si, os brinquedos ‘mais livres’são dominados por certos princípios de coerência e de unidade” (ibidem).
     Segundo Dewey (1953), existe uma necessidade de educar o pensamento, pois “um ser pensante pode agir tendo em vista o que está ausente e o que é futuro” (Dewey,1953, p.18), e, isso é desenvolvido através dos jogos, brinquedos e brincadeiras, onde a criança adquire habilidades de investigação e experimentação.
     O brinquedo faz parte da vida da criança. Simboliza a revelação do pensamento-ação e sobre esse ponto, constitui provavelmente a matriz de toda a atividade lingüística ao tornar possível o uso da fala e da imaginação.
     “No universo lúdico tudo pode divertir ser divertido, transformar-se em brinquedo ou brincadeira. Tudo pode significar a busca isolada de novas descobertas ou a troca de experiências no convívio com outras crianças” (Velasco, 1996, p.69). O lúdico proporciona alegria, prazer nas crianças, é através deste instrumento que elas conseguem interagir em seu meio social, evoluindo-se e desenvolvendo-se de modo a formar-se cidadãos. Dessa forma “a criança que brinca, portanto, vive a sua infância, tornar-se-á um adulto mais equilibrado física e emocionalmente, suportará muito melhor as pressões das responsabilidades adultas e terá maior criatividade para solucionar os problemas que lhe surgirem” (Velasco, 1996, p.43).
     Não esquecendo que, “o brinquedo é uma linguagem universal que todas as crianças do mundo podem compreender” (Velasco, 1996, p.49), percebemos a necessidade de reconhecer a importância do brincar, do lúdico, para a vida e a formação da criança.

(Cristiane)

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