domingo, 21 de novembro de 2010

O Sorriso de Monalisa

             O Sorriso de Monalisa é um filme que relata os costumes e valores morais e tradicionais em uma comunidade nos anos 50.
            Os personagens envolvidos são mulheres e fazem parte da classe privilegiada dessa comunidade, que se usa da faculdade de Wellesley para reproduzir sua cultura de geração em geração.
            É nesse contexto que uma professora de Arte, educada na Universidade Liberal chamada Berkeley, chega para lecionar em Wellesley e encontra as melhores e mais brilhantes jovens mulheres dos Estados Unidos sendo treinadas para se transformarem em cultas esposas e responsáveis mães.
            No filme a professora se vê desafiada a tentar abrir a mente de suas alunas para uma visão mais liberal. Nessa luta a professora encontra resistência por parte da administração do colégio e também das próprias alunas. Oposição essa nutrida por uma visão etnocêntrica que, como Rocha define, “é uma visão de mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todas as outras são passadas e sentidas através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é existência”. O colégio se posicionou com essa visão por ter a responsabilidade com a sociedade de reproduzir essa cultura e as garotas se opuseram pó estarem diante do novo, do diferente, que como Rocha refere, “a diferença é ameaçadora, porque fere a nossa própria identidade cultural”. A maneira como a professora manifestava seu pensamento em relação a ser mulher, mãe, esposa, lhes causou estranheza e conseqüentemente resistência.
            A professora por sua vez ao perceber o contexto social e cultural onde se encontrava manteve uma visão relativizadora que segundo Rocha define, “quando o significado de um ato é visto não na sua dimensão absoluta, mas no contexto em que acontece, estamos relativizando quando compreendemos o ‘outro’ nos seus próprios valores e não nos nossos”. A educadora não impôs sua maneira de perceber o mundo, mas tentou fazê-las perceber que existem outras maneiras de perceber esses significados culturais; como ser mãe, esposa, dedicar-se ou não com exclusividade a essa vida, e com isso poderem formar um pensamento critico, capaz de fazer escolhas conscientes e não reproduções culturais. E assim vale apena ressaltar o que Rocha argumenta, que “a diferença não se equaciona com ameaça, mas com a alternativa. Ela não é uma habilidade do ‘outro’, mas uma possibilidade que o ‘outro’ pode abrir para o ‘eu’”.
            No final do filme, cada personagem fez a sua opção, de acordo com a construção que se predispôs a realizar diante de novas percepções de mundo. Algumas optaram seguir em frente com seus hábitos, valores, mas conscientes de suas escolhas, outras decidiram transformar suas vidas com as novas possibilidades, tomando o comando de suas vidas. A própria professora viveu o que ensinou no seu comprometimento ético com essa visão relativizadora ao recusar continuar no colégio com a condição de reproduzir a cultura imposta pela comunidade.
            Concluindo, quando nos defrontamos com o novo, a primeira possibilidade é nos despirmos de uma visão etnocêntrica e nos aproximarmos, é nesse encontro é essa aproximação que romperá uma visão preconceituosa. Quando nos relacionamos com o “outro”, influenciamos e somos influenciados, nunca saímos iguais como chegamos.