terça-feira, 31 de agosto de 2010

Meu nome é Rádio

     Meu nome é Rádio é um filme baseado na história real de James Robert Kennedy, um rapaz de família humilde que recebeu o apelido de rádio por gostar muito do aparelho e estar sempre com um nas mãos. Vítima de muito preconceito por possuir uma deficiência mental, Rádio vive as margens de uma sociedade preconceituosa e excludente. Vive num mundo particular, a parte, guardando em seu carrinho de supermercado objetos que sejam significativos para ele.
      Em certo momento de sua vida conhece o treinador do time de futebol americano Hanna, o Sr. Jones, a partir daí sua vida começa a mudar e aos poucos ele vai aprendendo a confiar neste novo amigo.
     Jones decide integrá-lo ao seu time de futebol, tarefa que não é nada fácil, muitas pessoas da comunidade e alguns alunos não aceitam bem a idéia. Trava-se, então, uma luta constante contra a indiferença e o preconceito, onde o treinador teve que ser perseverante diante de uma sociedade discriminatória. E o mais importante, se colocou ao lado de Rádio e tomou para si todas as suas dores e lutas.
     O filme discute a questão do preconceito, mas também faz uma análise de quanto a escola estar despreparada para receber pessoas portadoras de deficiências, isto fica claro na maneira como a diretora reage, embora permita que Rádio freqüente a escola, ela se demonstra confusa e insegura em relação a aprendizagem dele.
     Nesse sentido, o currículo escolar precisa ser reestruturado, reanalisado, onde a proposta de trabalho seja mais aberta as diferentes realidades. O currículo deve ser adaptado aos alunos e não o inverso, um currículo que se adapte ao aluno e lhe ofereça diferentes oportunidades, interesse, capacidade e potencialidade. Um currículo e uma pedagogia que atenda as diferenças individuais é o que se quer para o currículo escolar.
[...] os especialistas em inclusão afirmam que a escola, organizada como está, produz a exclusão. Os conteúdos curriculares são tantos que tornam alunos, professores e pais reféns de um programa que pouco abre espaço para o talento das crianças. Assim, quem não acompanha o conteúdo está fadado à exclusão e ao fracasso. (Nova Escola, 2005, p.42)
     A inclusão de alunos com necessidades especiais acontece quando o professor, em sua metodologia, respeita a origem, os conhecimentos que eles trazem consigo, e, assim, toda a diversidade existente em sala de aula é valorizada, dando-os um aprendizado muito mais significativo e interessante.
     Aqueles que não fazem do padrão, da normalidade são excluídos, deixados de lado e não se percebe que são pessoas que sentem, pensam e criam,

[...] todos os indivíduos possuem potencialidades a serem desenvolvidas. Compreendemos que o professor, com sua sabedoria e prazer de ensinar, pode criar situações e adaptações tais que as barreiras e/ou comprometimentos físicos e sensoriais não impeçam o potencial criador dos portadores de necessidades educacionais especiais, que são diferentes, mas não querem ser transformados em desiguais, pois as suas vidas só precisam ser acrescidas de recursos especiais.( Monte e Santos, 2004, p.75)

     Durante o filme percebemos que Jones não se preocupou em ensinar a ler e escrever, mas sim em trazer Rádio para o seu convívio e de outras pessoas. Com isso, Rádio aprendeu e se desenvolveu, porém também ensinou muito a todos aqueles com quem conviveu, mostrando que além do proveito que o deficiente pode obter através do convívio com outras pessoas, quem ganha são os demais, que aprendem a conviver com as diferenças, a diversidade de pessoas e saberes. Trazendo outros valores essenciais que, no mundo atual, muita vezes são esquecidos como: respeito, amizade, tolerância, solidariedade, ajuda.
     Geralmente “o primeiro pensamento que surge é que as pessoas com deficiência tem mais chances de se desenvolver. Mas todos ganham ao exercitar a tolerância e o respeito". (Nova Escola, 2005, p.44)
     Os professores precisam entender que
[...] a inclusão não significa apenas cumprir a lei. Significa levar à escola crianças que vivem isoladas de um mundo que só tem a ganhar com sua presença. E mais: fazer com que muitos alunos – que sempre estiveram nas salas regulares – vivam na diversidade. Um dos papéis da escola é praticar a responsabilidade pelo outro e estimular a criança a fazer o mesmo.(ibidem, p.45)
     Através da dedicação e amor de Jones, Rádio conseguiu se sentir amado pelo grupo e ganhou com isso, autoconfiança, auto estima e avançou em conquistas pequenas porém de grande importância na vida dele, que foi a expressão oral, corporal e o companheirismo de seu professor e colegas.



MEU NOME É RÁDIO. Direção de Michael Tollin. Columbia Tristar Film. Estados Unidos: 2003.

( Cristiane)

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